CRUEL REALIDADE

(Última parte do livro de Albertina Rodrigues:'FEL E MEL NO CÁLICE DA VIDA"




NONA PARTE


CRUEL REALIDADE






A boa vontade em relação aos animais
é um exercício preparatório
que nos conduz ao amor
pela humanidade PLUTARCO











A forma como tratamos hoje os animais será motivo de espanto e indignação para as gerações futuras

CRUEL REALIDADE

Pensava: “muito eu sei!”. Foi quando, a mais brutal realidade por mim entrou; grotesca, horripilante, e me vi cara a cara com a verdadeira face da minha raça - a crueldade, sutil ou declarada. Já com sessenta e sete voltas ao redor do sol, ia morrer na verdadeira ignorância, sem dar atenção ao tratamento dado aos animais pelo irracional homem, perdido em arrogâncias e vaidades.
Não tenho palavras, os adjetivos são fracos para exprimir a revolta, a verdadeira dor que senti e sinto pelos realmente martirizados na face desta Terra. O que posso dizer para vocês, ó “SER HUMANO”! Tenho vergonha de pertencer a esta raça, tenho vergonha de mim mesma.
Quantas reclamações de dor já fiz! As torturas por mim sofridas não passaram de carícias, em comparação com as sofridas por estes seres nas mãos dos nossos irmãos monstros. Somos a lepra destruindo a Terra! Deveríamos trocar de lugar com as cloacas, construindo nossas casas nos esgotos porque as cidades não passam de repugnantes mictórios povoados de nauseabundos sádicos assassinos vestidos do “bem”, em valores, idéias ou moda.
Como pude não me interessar por estes abandonados sem nenhuma lei que os proteja, sem voz para se defender, exigir, reivindicar? Meu passado, eu mesma cubro de luto, não sou digna de pertencer à vida, a respirar, sentir prazer e mesmo chorar. E vocês, com que direito circulam pela Terra onde os vermes são mais inteligentes e racionais?
O “oculto”, camuflado pelo engano das idéias, revelou-se! Levando-me à raiz do “bem e do mal”! Retornei à infância: o verdadeiro mal foram as idéias do bem que me cegaram, uma imagem externa a mim mesma na qual nela teria que me encarnar, nunca sendo permitido ficar no “que era”, no “mau”, e naturalmente transcender-me.
Teria que crer: sou uma criança, portanto, uma pessoa inocente, boazinha. Mas não é bem assim, por natureza toda criança é egocêntrica, quer tudo para si; damos cascudos nos menores, rimos de quem cai, fazemos grupinhos de disputa, damos a língua, puxamos o rabo dos gatos, pirraçamos, colocamos apelidos uns nos outros, debochamos, nos vingamos, xingamos, fazemos fofocas etc. e etc. Isto é um fato! E uma estória infantil sem bruxa não tem graça.
Crescemos, e assim continuamos: sentindo prazer no sofrimento alheio; humilhando e torturando como autores ou expectadores, nos rodeios, touradas, rinhas, brigas de galo... Na rua, chutando, atropelando ou apedrejando aos cães...; nos filmes, novelas... em quase todas as distrações dos homens – do pólo norte ao pólo sul - esta é a norma: gargalhadeando, expressa-se o sadismo.
Aqui no Brasil, os brasileiros encerram sua semana, deleitando-se aos domingos, assistindo na TV. Globo no programa do Faustão as “vídeos cacetadas” e, assim, satisfeitos vão dormir, esperando chegar o dia seguinte para escutar pelo noticiário as desgraças do país.

A criança tem o direito nato de saber quem ela é, deveria estar na Constituição: “toda criança tem o direito de se conhecer sem a idéia do bem”.

A IDÉIA DO BEM é ela quem está dando continuidade ao nosso estado imaturo e os educadores estão bem preparados para doutrinar as crianças pela trilha do “bem”, persistindo no indivíduo toda forma de crueldade e hipocrisias, fortalecendo a violência, as terríveis disputas, guerras... e a luta para sairmos do nosso próprio inferno que explode em revoltas, greves... pela pressão das outras crianças, também más, que cresceram de tamanho e comandam o mundo; fazendo o que querem, acumulando bens, explorando a todos numa demonstração de superioridade e poder.
Nos livros de História, nas novelas, nos contos infantis... em tudo e por tudo está o que o homem de fato é com suas culturas de sangue, torturas e tolices. Olhe o mundo e se veja, não queira ser bonzinho; nós somos todos os horrores que atravessaram os séculos. Responsáveis pelos hediondos crimes praticados contra os animais, a natureza e contra nós próprios, os quais fomos e continuamos a ser coniventes e, saibam que:
Se um dia formos invadidos por extraterrestres, com o mesmo olho que olhamos aos seres de outras espécies seremos olhados porque para eles seremos irracionais. A nossa linguagem, também não compreenderão assim como não entendemos o mugir do boi, o relincho do cavalo, o miado do gato ou o latido de um cão.
Poderão fazer conosco o mesmo que presenciamos com os burros e os cavalos: amarrados na frente de uma carroça, pelas ruas sendo chicoteados, com sede, fome, esqueléticos, transportando cargas pesadas; - vemos o infeliz do carroceiro torturá-los, humilhá-los, chicoteá-los e, friamente aceitamos esta situação sem nos sensibilizar. Assim, também não sensificaremos os novos moradores da Terra.
Seremos postos numa arena com um sedém amarrado nas virilhas; pulando de dor seremos considerados selvagens para os espectadores rirem, gozarem, admirando o imbecil que está querendo em nós montar, domando o animal. Vão fazer “olé”, com um pano vermelho em nossas caras, e nos fincar a espada.
No circo, receberemos muito choque elétrico; pisando em brasas teremos que acompanhar o ritmo das danças dos extras terrestres - pelo som da música junto à dor sofrida nas torturas seremos condicionados, na maior indignidade, para fazemos “palhaçadas” para distrair os seus filhotes.
Nossas peles serão arrancadas e com elas farão abajur, bolsas, confeccionarão sapatos e ainda seremos transportados, no maior tráfico de peles, para as madames de outras órbitas.
Nos laboratórios, em nome da beleza e higiene, nossos olhos serão derretidos com ácido; nosso cérebro arrancado para ver como funciona o lóbulo direito...; metidos vivos em tubos de ensaio, choques elétricos..., ingerindo substâncias tóxicas seremos cobaias na fabricação de novos produtos para salvar os não terráqueos que se contaminaram com as nossas doenças.
Pelas ruas, com um cambão, seremos caçados pelos homens da carrocinha e nos CCZs, num prazo de três dias, os que não forem adotados como escravos, serão eutanasiados.
Nas faculdades, seremos abertos vivos para estudarem a passagem do sangue pelas veias...
Seremos abatidos... pendurados nos açougues vamos virar carne moída, lingüiça...; fritos, cozidos ou assados com molho de pimenta, passaremos pelas tripas dos novos senhores que nos despejarão pelas suas latrinas.
Desgraçados que somos!
Eu ignorava, assim como muitos ainda ignoram, por displicência e tudo que não presta ao tratamento dado aos seres apelidados de animais irracionais. Graças à Internet, através de vídeos e reportagens feitos por pessoas merecedoras do maior bem sobre esta Terra, arriscando suas vidas para filmarem a verdade, por trás dos bastidores da civilização (oriental e ocidental), fiquei sabedora da cruel realidade imposta a estas vidas, desprezadas e exploradas por todos. A que grau chegou a nossa insensibilidade!
Inacreditável!
Onde estão os filósofos, os intelectuais, o Papa e todas as outras seitas, onde estão os considerados grandes homens que nada fizeram e nada fazem para evitar este hediondo crime perpetuado há séculos em bilhões e bilhões de vida? Que valor tem, dizer: creio em Deus, rezar, ir à missa se dizer cristã, adorar a Cristo, ganhar prêmio Nobel e etc., devorando em suas mesas seres cruelmente sacrificados, usando bolsas, sapatos e abrigos feitos com a pele dos animais; indo a uma tourada, vaquejada ou rodeio gargalhar, distraindo-se com a alucinante dor do outro, mutilado e assassinado em sua frente; passar pelas ruas e não ajudar a um cão ou gato doente, com fome e sede; abandoná-los quando velhos ou quando mudam de cidade? Até estuprados eles são.
Onde estavam tantos poetas e sábios escritores que nada escreveram sobre esta “realidade animal”; os comunistas, os socialistas em suas defesas “humanitárias”; porque Marx não escreveu um Manifesto sobre esta exploração que é a base do capitalismo? Será que morreram na ignorância? Assim, também eu morreria; na displicência, no comodismo, no orgulho do antropocentrismo. Os homens se enriqueceram por cima dos “irracionais”, as florestas estão sendo destruídas para a pastagem numa das maiores causas do aquecimento global! E a Floresta Amazônica, muito em breve, vai se tornar uma favela; não duvidem! O mundo está cheio de crianças, copularam demais!
Temos uma dívida a pagar, todos nós!
Somos credores e a natureza já bate em nossas portas, cobrando; não soubemos nos comportar nesta nossa casa Terra, fomos uns bandidos. Só nos resta, o mais rápido possível, para não ser tarde demais, nos redimir! Resgatando todo o sofrimento que através dos tempos impusemos a todos os seres covardemente humilhados sem a possibilidade de se defenderem, libertando-os de toda escravidão, martírios e crueldades.
Simplesmente libertá-los! Sem explicações de porque, por, pela, ou afim de quê. Só há um POR QUE: é uma vergonha, uma covardia; e um único POR: por sermos dotados de natural inteligência temos o dever de respeitar todas as formas de vida e, uma obrigação: a de purgar nossas mentes de todas as influências ditatoriais, tornadas cultura, que nos levou a infames atitudes, ditadas por filósofos, sacerdotes..., repetidas pelos comerciantes em seus interesses, amigos em suas distrações, parentes em suas tradições e até por vizinhos em “o que vão dizer” se por acaso salvarmos um gato ou um cão abandonado pelas ruas; a tudo aceitamos, por interesses, gula, vaidade... fortalecendo nossa crença de superioridade opinada por filósofos e padres.
Joguemos no monturo o endeusamento a tantas personalidades! Ver nossos condicionamentos e vãs repetições sendo incrustadas, há séculos, em nossas células e neurônios, cujas conseqüências já estamos a enfrentar: os desastres ambientais que é o resultado da nossa visão mecanicista do mundo, decorrente do seguimento das afirmações irresponsáveis, tornadas nossos valores morais - Idéias e afirmações de homens, justificando o abuso cometido contra a natureza e os animais.
São Tomás de Aquino em seu “Tratado de Justiça“ (vendo o esplendoroso mundo cá fora através da escuridão do seu claustro; isto é não vendo nada!), afirma: “Ninguém peca por usar uma coisa para o fim a que foi feita...“ Evocando a Santo Agostinho, em a Cidade de Deus, livro I, cap, 20, declara: “Por justíssima ordenação do Criador, a vida e a morte das plantas e dos animais está subordinada ao homem”.
O filósofo Aristóteles (na lista dos “grandes pensadores”, em verdade “grandes manifestadores de opiniões”) vê como natural o domínio do homem sobre o animal da mesma forma que é natural o domínio do homem que tem idéias sobre aquele que só tem a força e colocou os animais na sociedade como escravos, além de considerar um privilégio para o animal viver sob o domínio do homem e os que não vivem sob este domínio ele os apelidou de “feras selvagens”.
Também afirma que os animais foram feitos para que os usássemos; em seguida, foi apoiado por uma perspectiva religiosa oportunista, centralizada no homem. Suas condenatórias sentenças filosóficas (idéias nascidas do sórdido), formulando a base de nossas culturas, influenciaram não só a teologia medieval da cristandade como, até hoje, na educação e pensamento ocidental contemporâneo.
Outro tido como “grande pensador”, Francis Bacon, defendeu a filosofia de dominação e manipulação da natureza, além da realização de atitudes experimentalistas para com os animais; estes, vivos e conscientes, sendo cobaias para estudos fisiológicos (a vivissecção).
Descartes, com sua frase “Corgito Ergo Sum” (Penso logo existo), privilegiando a razão, considerando-a base de todo conhecimento, reduziu o homem à sua mente; fortalecendo o antropocentrismo, afastou a todos, mais ainda da unidade; e o racionalismo atingiu a culminância!
Inventando doutrinas, segundo a qual os animais são apenas autômatos, incapazes de pensar e de sentir dor, separou o homem definitivo da natureza e, a vivissecção (dissecar os animais para estudá-los por dentro), difundiu-se pela Europa: nos encontros, sentados um de cara para o outro, os “cientistas” levavam os animais para suas demonstrações; sobre suas mesas (era chique!), alí mesmo, sem anestesia, abriam o animal vivo em gritos horripilantes. Estes são os monstros, respeitados e servindo de exemplo a outros monstros pelo mundo.
Estes pensamentos em desenvolvimento, passando, dentro do tempo, de cabeça a cabeça afins em interesses comuns, tomaram formas legislativas; e com Locke, precursor do liberalismo inglês, o homem é colocado em sua origem como senhor de todas as criaturas, podendo fazer delas o que aprouver se apossar dos frutos e das criaturas da terra. Constituindo a primeira forma de propriedade privada - declarando: “a natureza extra-humana não tem vontade e nem direitos, são recursos à disposição de toda humanidade”.
Assim, a partir de Tomas Hobber e Locke os animais passaram a serem considerados objetos, sendo arrancados da natureza, tornando-se propriedade privada - um sapato, um sutiã, uma porta... passou a ter igual valor e por vezes superior a um animal não humano. Até hoje, esta lei é seguida pelas mentalidades obtusas, embora o homem já tenha chegado até à lua mais os avanços tecnológicos já existentes, mas psicologicamente não saiu das cavernas; ainda anda de quatro atrás de minhocas para delas se alimentar.
Quem não respeita as outras raças, obviamente não tem um caráter digno de confiança. Só mesmo um ser ignorante, oportunista e farsante declara que “os animais foram feitos para que os usássemos”. As palavras são pobres para responder a tamanha ignorânia, somente o desprezo é a resposta. A História da humanidade está cheia dos coroados de glórias, os exploradores da boa fé do público.
Sem saber o que é o pensamento e sua verdadeira função (pesquisas científicas, criar máquinas, conhecimentos técnicos, fazer cálculos matemáticos...), porque não se conheciam; estes homens se meteram numa dimensão inalcançável ao pensamento, na da vida, com idéias, opiniões e decretos. A natureza, os animais, tudo que tem sangue, nervos, raízes... não são objetos criados pelas mentes onde só existem, guardadas em esquifes, lembranças feitas de imagens e palavras; emperrados no tempo, o pensamento inventou, para “sair do lugar” e se auto continuar, um “futuro” made in home.
Quanto ao senhor Descartes com sua célebre frase “Eu penso logo existo”, pensando ter encontrado a verdade fundamental, repetida em eco por outras mentes universitárias, intelectuais... está errado, salvo se o senhor quis dizer “eu penso logo sou um fantasma, portanto não existo”; Pensar não é Ser, pois este “pensador” , invenção dos pensamentos, é uma ficção, não existe (o “eu” é apenas um termo); ardilosa invenção das memórias para se perpetuar no poder, isolando-se de tudo no cubículo do seu próprio egoístico inferno.
Onde ficamos a um segundo atrás? Apenas ficou a memória, e é esta quem observa o que foi nunca está no presente ser, onde não há observador. Somos coisa viva, senhor! Lá do “alto” ao chegar ao “além”, o senhor enxergou, “cá embaixo” as conseqüências de suas opiniões e ditos filosóficos, desviando o homem da natureza, dos animais e dos demais seres humanos onde cada um só sabe endeusar seus pensamentos sendo, o mais importante, a “inteligência”; provocando confusões mentais, violências, injusta divisão de bens e desordem econômica?
Não somos a mente, senhor! Ela é apenas um detalhe de nós, um instrumento que deve ser usado corretamente para evitar catástrofes, mal entendidos, guerras... A inteligência não passa pela mente igual ao amor, mas os homens confundem a verdadeira inteligência, que só existe inseparável do amor, com capacidades mentais entre elas as ladinas astúcias.
As Filosofias falharam em sua busca ética para melhorar o mundo, apenas espalharam confusão, vaidades, pedantismos..., perdas de papéis, calos nos dedos de tanto se escrever, miopias de tanto se ler além das disputas de quem mais “sabe” e melhor cita os “grandes pensadores”; na inveja, querendo se igualar.

Legitimado a exploração dos animais e da natureza, o homem foi ficando à margem da criação; nesta inconsciente inferioridade, por estarem desgarrados da unidade, no romantismo e no humanismo o racionalismo (doutrina que considera ser o real plenamente cognoscível pela razão ou pela inteligência, em detrimento da intuição, da vontade, da sensibilidade, etc.) coloca o homem no CENTRO DO UNIVERSO.
Não contentes com tal título, a estultícia, entufando cada vez mais os egos, alimentados pela ignorância de si mesmos (este ignorar, raiz de todas as ignorâncias), no liberalismo e no socialismo a autoridade dada quanto à maneira de pensar e/ou de agir alcançou os últimos degraus da vaidade: outorgaram ao homem o título de “O REI DA CRIAÇÃO”, tomando força depois da revolução francesa e industrial.
E o grande passo, para a destruição total de toda forma de vida neste planeta, foi dado; agora ia começar a descida deste trono, por uma escada não muito longa. A cada degrau descido – pensando estarem subindo - iam ser confundidos como sendo: “é o progresso” e mais “crescimento economico” muito se ia escutar; sem se darem conta, pela oligofrênia inerente à usura, de que a Terra é limitada, quanto mais crescimento mais destruição. Obviamente, para crescer tem que se utilizar os recursos naturais e cada vez num ritmo maior, não dando tempo da natureza se refazer. Agora é só esperar a chegada ao último degrau do progresso e quem ficará para contar a história, para os netos?
Mas nem todos os homens daquela época pensavam iguais: Montaigne, Rousseau e Goeth defendiam a não manipulação da natureza. Para Montaigne, o Criador nos colocou na Terra para servi-lo e os animais são como nossa família; pregava o respeito aos animais e à natureza. Rousseau criticava o uso de animais em experimentos. Goeth criticava o ser humano por só valorizar as coisas na medida em que lhes são úteis, e por apropriar-se do direito de classificar algumas plantas como ervas daninhas.
Foi apenas no século passado que apareceram os primeiros sinais de um movimento político a favor dos animais e, atualmente, em todos os países, o movimento da libertação animal cresce a cada dia, transformando as consciências empedrouçadas pelas inconsequentes opiniões de homens tidos como filósofos, os sabedores da “verdade”, guias do pensamento humano.
Até hoje, na legislação ainda de origem grego-romana, os animais são tidos como objetos; assim, também foram os escravos – objetos, não sujeitos de direito. Esta vergonha continuará até quando? Onde estão os legisladores do nosso mundo ocidental, os advogados, juizes e promotores que não lutam pelo fim desta aberração? Iguais a qualquer “ignorante”, não diplomado, que negligente passa pelas esquinas, mas talvez com mais racionalidade? Ah se trocassem de lugar! Pelo menos por um dia para mudar os parâmetros e fazer dos animais sujeitos de direito!
Cabe a todos nós, desfazer as ondas da podridão que tentou nos afogar, embora muitos tenham nelas se afogado, e libertarmos a natureza e a todo ser vivente - humano e não humano - das presas dos irracionais monstros-homens. Sem esta libertação jamais o homem será livre e o mundo, como conhecemos, será destruído em efeito dominó, pois os componentes dos átomos e partículas não existem como entidades isoladas, mas como partes de uma rede inseparável de relacionamentos mútuos mantendo em equilíbrio o ecossistema: flora, fauna, microorganismos, água, ar, minerais... em harmonia geológica, atmosférica, meteorológica e biológica.
Numa força prodigiosa, átomos e mundos são levados por um só impulso! Num contínuo movimento, tudo está conectado a tudo e nenhuma parte é mais importante do que a outra. É a unidade de todas as coisas e acontecimentos, nada está separado, isolado; nem no presente, nem no passado. Na harmonia da “desigualdade”, é uma orquestra que baila, numa velocidade onde o principio e o fim não existem; sem fronteiras entre espaços e astros, riquezas inomináveis de vidas pululam!... Num impulso apoteótico de: sempre, mais vida. Só há vida! Desabrochando no seio das aparências em infinitesimais infinitas partículas, afirmando a verdade do existir.
A realidade do universo é atemporal – sem espaço nem tempo, em explosões!... Onde tudo morre e nasce sem continuidade, por isso é infinito.

* * *
Onde eu estava por todos estes anos? Onde todos estão? No devaneio das ilusões, perdidos com o progresso, com a salvação de suas almas, adorando a “Cristo” para ganharem o “céu”, ou acumulando bens para deixar para os herdeiros - os que por vida foram até seus inimigos.
Oh, mundo!
Temos o poder de mudar esta realidade; impedir que o planeta com tudo nele existente, num trabalho de ourivesaria de bilhões de anos, seja empurrado para a sarjeta pelas mãos dos seres considerados os “mais inteligentes”, pelos “Reis da Criação”. Ò deboche!
Só o amor é capaz de transformar o mundo. Somente Ele existe! O resto são as nossas ilusões, assim como só existe o silêncio! O que nos confunde é o zunzunzum em nosso cérebro das tagarelices mundanas.
Ide ao cemitério e se descubra! Escutando o silêncio dos mortos ouçam o barulho do mundo; esta é a mente, com suas imagens, murmúrios e abstrações; é o movimento do passado, no ruído das memórias em ondas chocando-se - é o EU made in home, é a civilização!

* * *

Que saudades tenho das moringas de barro, dos banhos nas bacias de alumínio, das luzes de candeeiro, dos chafarizes, das águas cristalinas dos rios, do ar fresco das montanhas..., que saudades da Terra!

Liberdade, liberdade! Só o amor dá, na revolução do VER E ESCUTAR que liberta a ação, transformando a todos e a tudo.


SOLTEM-SE AS MÃOS!

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