quarta-feira, 8 de junho de 2011

Animais têm emoções

Um estudo realizado na Universidade de Bristol mostra que as vacas
têm uma forte vida sentimental que inclui emoções como a amizade, o rancor
ou a frustração.
Os bovinos são ainda capazes de sentir emoções fortes como dor, medo e até
ansiedade - preocupam-se com o futuro. Mas se os criadores lhes
proporcionarem condições adequadas, podem mesmo sentir grande felicidade. As
descobertas resultaram de estudos em animais de quintas, e descobriram
características similares em porcos, cabras, galinhas e outros animais
domésticos. Sugerem que estes animais poderão ser de tal forma
emocionalmente semelhantes aos humanos que as leis de bem-estar animal
deverão ser reformuladas.
Este estudo, coordenado por John Webster, professor de Produção Animal em
Bristol e autor do livro "Bem-Estar Animal: a Coxear em Direcção ao Éden"
(Animal Welfare: Limping Towards Éden) desmistificou ainda a ideia
comummente aceite de que a inteligência está directamente relacionada com a
capacidade de sofrer e que os animais, porque têm cérebros mais pequenos,
sofrem menos do que os humanos.
Efectivamente, os pesquisadores documentaram como vacas formam, dentro de
uma manada, pequenos grupos de amizade com quem passam a maior parte do
tempo, muitas vezes lambendo-se e cuidando-se entre si. Também podem não
gostar de outras vacas e alimentar rancores durante meses ou anos.
Também a sexualidade das vacas é subestimada pelo homem. No entanto, os
pesquisadores qualificam-nas de ninfomaníacas. Segundo Webster as vacas
excitam-se quando uma companheira da manada se excita e começa a tentar
montar outra.
Esta e outras descobertas foram apresentadas numa conferência científica
realizada em Londres, em Março de 2005, e organizada pela Compassion in
World Farming.

De acordo com Christine Nicol, professora de Bem-estar Animal na
Universidade de Bristol, os animais estão mais próximos dos seres humanos
sob o ponto de vista emocional do que até aqui se acreditava. Esta
investigadora afirmou ainda que "O nosso desafio é ensinar aos outros que
todos os animais que tencionamos comer ou usar são indivíduos complexos, e
ajustar a nossa cultura de exploração animal em conformidade".

O professor Donald Broom, da Universidade de Cambridge, que também
participou da conferência, revelou, com base numa experiência, que as vacas
podem ser estimuladas por desafios intelectuais. Durante um estudo, os
investigadores desafiaram os animais com uma tarefa que consistia em
descobrir como abrir uma porta para conseguirem obter alimento. As reacções
foram controladas por um electroencefalograma para medir as suas ondas
cerebrais. Constatou-se uma aceleração do ritmo cardíaco e algumas até
pularam.

A crença generalizada de que os animais de quinta não sofrem em condições
consideradas intoleráveis para humanos é em parte baseada na ideia de que
são menos inteligentes do que os homens e de que não têm a "noção do eu". No
entanto, cada vez mais as pesquisas revelam que isto não é correcto.
Keith Kendrick, professor de Neurobiologia no Instituto Babraham em
Cambridge, descobriu que até as ovelhas são muito mais complexas do que se
pensava e conseguem recordar 50 caras ovinas - mesmo de perfil. Conseguem
reconhecer outra ovelha após um ano afastadas. Segundo Kendrick, as ovelhas
podem até estabelecer afeições fortes por certos humanos, entrando em
depressão por separações longas e saudando entusiasticamente mesmo depois de
3 anos.

A conferência Compassion in World Farming iniciou-se com um discurso chave
de Jane Goodall, a primatologista que fundou os estudo da Senciência Animal
com a sua pesquisa em chimpanzés no início dos anos 60 do século XX. Goodall
desmistificou a crença de que os animais eram simples autómatos que
mostravam pouca individualidade ou emoções. No entanto demoraram muitos anos
para que os cientistas aceitassem que tal ideia fosse aplicada a muitos
outros animais. ''Animais sencientes têm a capacidade de experienciar prazer
e sentem-se motivados a procurá-lo", afirmou Webster. ''Só é preciso
observar como as vacas e cordeiros procuram e apreciam o prazer de estarem
deitados com as cabeças levantadas na direcção do sol num perfeito dia de
Verão inglês. Tal como os humanos."

"O circo ensina a criança a rir da dignidade perdida dos
animais. A humanização dos bichos reflete claramente a
falta de humanidade das pessoas" (Olegário Schmitt)

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